>

2 de set. de 2025

DISTRAIDAMENTE – Pedro Luso de Carvalho

 

 Usina do Gazômetro - Foto Alex Rocha - Porto Alegre RS / Brasil


DISTRAIDAMENTE

       - Pedro Luso de Carvalho



Nasci quase por acaso,

sem nenhum planejamento,

e sem quaisquer alardes,

e sem banda de música,

no dia em que cheguei.



Como já estava no mundo,

fiz o que podia ser feito,

e assim, vivendo sem regras,

sem que eu fique agitado,

com as loucuras do mundo,

qual biruta de aeroporto,

comandada pelo vento.



Não sei como nasci assim,

vim sem grande expectativa,

e assim levo a minha vida,

distraidamente, como nasci,

sem nenhum deslumbramento.




_________________//________________





24 de ago. de 2025

LIBERDADE - Pedro Luso de Carvalho

 

Deck of Meteora - Pôr do Sol


LIBERDADE

    – Pedro Luso de Carvalho



A liberdade é o tema,

para o poema de hoje,

com base na filosofia,

que poderá interessar.


Diz Sartre existencialista,

vem primeiro a existência,

e a essência vem depois,

através de suas escolhas.


E diz o filósofo Kant:

o dever nasce da razão.

Autonomia da vontade,

caminho para liberdade.


A liberdade para Nietzche,

não será a livre vontade,

cria-se os próprios valores,

livre de qualquer influência.


Liberdade para Descartes,

lá está no livre-arbítrio,

é o poder de escolher,

verdade fruto da razão.




_________________//________________






17 de ago. de 2025

ALGUÉM VIU O POETA ? – Pedro Luso de Carvalho

 


Homenagem poética inspirada no poema Tabacaria, 

de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa.


ALGUÉM VIU O POETA ?

       – Pedro Luso de Carvalho



O poeta passa na praça,

na praça repleta de gente,

tanta gente a ir e vir,

mal via o gênio passar.


Passava ligeiro na praça,

chapéu, óculos, sobretudo,

como às vezes era visto,

naquelas tardes de inverno.


Mas quem foi esse Poeta,

muitos ali o conheciam,

é o poeta da mansarda,

múltiplos num só poeta.


Defronte da tabacaria,

o poeta via o mundo,

via o comboio passar,

via os cães que existiam.


Muitos poetas em Pessoa,

tais como Álvaro de Campos,

sonhou mais que Napoleão fez,

Fez mais filosofias que Kant.



___________________//__________________





10 de ago. de 2025

PORTUGAL ESTÁ TÃO LONGE – Pedro Luso de Carvalho

 

Lisboa / Portugal



PORTUGAL ESTÁ TÃO  LONGE

                    - Pedro Luso de Carvalho



Portugal está tão longe,

do outro lado está,

água a nos separar,

pelo mar feito muralha.


Portugal está tão longe,

ao mesmo tempo tão perto,

esse manto de lembranças,

saudade dos que voltaram.


Portugal está tão longe,

o Atlântico no meio,

Brasil no lado de cá,

Portugal no outro lado.


Portugal está tão longe,

distante dos descendentes,

destes que aqui ficaram,

isso já faz muito tempo.


Portugal está tão longe,

muito longe do Brasil,

deste Brasil brasileiro,

de Portugal o herdeiro.




________________//________________





2 de ago. de 2025

OS PASSAGEIROS – Pedro Luso de Carvalho

 




 OS PASSAGEIROS

        - Pedro Luso de Carvalho




Iremos no mesmo trem,

na viagem que fará,

num caminho tortuoso,

misterioso caminho.


Iremos juntos no trem,

cada um no seu lugar,

os ricos irão com ricos,

pobres com pobres irão.


Será viagem sem volta,

é viagem só de ida,

uns viajarão agora,

outros em outras viagens.


O trem seguirá seu rumo,

seguirá sempre em frente,

irá perdendo os trilhos,

sem trilhos não voltará.


Ninguém viu o trem voltar,

não viram os passageiros,

que hoje brilham no céu,

nessas noites estreladas.




________________//________________






27 de jul. de 2025

A CRÍTICA QUE NÃO FIZ – Pedro Luso de Carvalho

 

Manhã nublada em Porto Alegre - Julho de 2025


A CRÍTICA QUE NÃO FIZ

         – Pedro Luso de Carvalho



É manhã fria no sul,

de nuvens e pouco sol,

ausente o céu azul,

e sem a luz do farol.


Pensei num poema crítico,

pensei falar na pobreza,

mas sem falar em político,

já que lhe falta nobreza.


Mas depois fui à janela,

então vi daqui de cima,

esse sol qual luz de vela,

um retrato deste clima.


Na janela esse sol,

manhã fria e nublada,

as nuvens esse lençol,

a manhã quase gelada.


Mas eu esqueci a crítica,

pois não falei da pobreza,

que a queria analítica,

com nuances de singeleza.



________________//________________





20 de jul. de 2025

PEDIDO DE DESCULPAS – Pedro Luso de Carvalho

 

Aqui - Das Artes


    PEDIDO DE DESCULPAS

                  – Pedro Luso de Carvalho



Sempre cometemos muitos erros,

erros que acabam amizades,

mas dizem que errar é humano,

então podemos pedir desculpas.


Mas não é fácil pedir desculpas,

mesmo com consciência dos erros,

as amizades quase perdidas,

que serão salvas pelas desculpas.


É melhor não negarmos os erros,

deixando o orgulho de lado,

dando seu lugar à humildade,

pano de fundo para desculpas.


Assim amizades serão salvas,

pessoas amigas fazem falta,

nossos erros serão perdoados,

basta o pedido de desculpas.



________________//________________





11 de jul. de 2025

QUE MUNDO É ESTE? – Pedro Luso de Carvalho

 

Otto Dix - A Miséria da Guerra


QUE  MUNDO  É  ESTE ?

         Pedro Luso de Carvalho



Sabe que mundo é este,

mundo com tanta maldade,

tanto aqui neste lugar,

como no resto do mundo.


Sabe que mundo é este,

este mundo impiedoso,

a crueldade dos homens,

que controlam consciências.


Sabe que mundo é este,

com tanta corrupção,

mundo infeliz de guerras,

sociedade em pedaços.


Sabe que mundo é este,

mães que enterram seus filhos,

mortos por drones ou mísseis,

nessas desumanas guerras.




________________//________________





30 de jun. de 2025

CRIME SOB O SOL – Pedro Luso de Carvalho

 Homenagem a Albert Camus - autor
do Romance  O Estrangeiro

 


    CRIME SOB O SOL  

         - Pedro Luso de Carvalho

        

         

Quem foi esse homem estranho,

de onde vem sua frieza,

frieza diante da mãe morta,

sem qualquer gesto de afeto.


Quem foi esse homem estranho,

que matou a tiro outro homem,

numa praia ensolarada,

sem que houvesse um motivo.


Quem foi esse homem estranho,

Impassível diante do juiz,

disse que atirou no árabe,

por que o sol estava quente.


Quem foi esse homem estranho,

Meursault, esse o seu nome,

homem nascido na Argélia,

estrangeiro na sua terra.


Meursault ouviu a sentença,

sua pena foi a mais grave,

e não sentiu medo da morte,

venha o que tiver que vir.




_________________//_________________





22 de jun. de 2025

O PREÇO DA ALMA - Pedro Luso de Carvalho

 

Allez-on-trinque  -  Juarez Machado / Brasil




O PREÇO DA ALMA

   - Pedro Luso de Carvalho



Faça o que deve ser feito,

siga o que foi planejado,

pois assim o lucro virá,

dinheiro não vem à toa.


Nada pode ser esquecido,

deixe de lado a preguiça,

cuide-se com o desleixo,

dinheiro não vem à toa.


Nada pode ficar parado,

o dinheiro está chegando,

chega e pede por cuidado,

dinheiro não vem à toa.


Quando a fortuna chegar,

não pode haver desperdício,

foi como ficou ajustado,

quando a alma foi vendida.




______________//_____________





15 de jun. de 2025

UMA PALAVRA AMIGA – Pedro Luso de Carvalho

 

Praça da Matriz - Porto Alegre RS / Brasil




UMA PALAVRA AMIGA

       - Pedro Luso de Carvalho



Havia garoa na tarde,

a praça estava deserta,

vi gente no outro olhar,

era um homem solitário.


A tarde entrava na noite,

eu vi dor no rosto do homem,

rosto escondido nas mãos,

mãos trêmulas de emoção.


Resolvi parar para ver,

e vi sofrimento do homem,

que me falou em suicídio,

que me falou na sua dor.


Disse-lhe que todos sofrem,

não se vive no paraíso,

pois o mundo é um moinho,

como Cartola ensinava.


Então o homem se refez,

agradeceu-me e saiu,

saiu dali apressado,

tinha a vida pela frente




______________//______________





8 de jun. de 2025

O TEMPO PERDIDO – Pedro Luso de Carvalho

 




O TEMPO PERDIDO

             Pedro Luso de Carvalho



Sei bem o que é tempo perdido,

tempo perdido pela pressa,

por querer o horizonte perto,

ambição e ansiedade juntas.


Que não haja mais tanta pressa,

que se viva mais o presente,

em convívio com os amigos.

Passado e futuro estão longe.


Faça-se o que deve ser feito,

sempre com os pés no presente,

sem aflições com o passado,

e sem os anseios do futuro.


Então cuidado com o tempo,

e não busque o tempo perdido,

já que hoje muita vida pulsa,

e com projetos por terminar.




_________________//________________