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26 de out. de 2025

QUANDO OS SONHOS VIRAM PÓ – Pedro Luso de Carvalho

 

Prager Street / 1920  - Otto Dix 


QUANDO OS SONHOS VIRAM PÓ 

                Pedro Luso de Carvalho



Ninguém está livre da queda,

que chega sem nenhum aviso,

nuvem escura sob o sol,

essa inesperada sombra.


Então ficam no chão os planos,

o fracasso em vez do êxito,

rouba o sorriso do rosto,

deixando no rosto tristeza.


Desânimo vem com o vento,

some o gosto pela vida,

mas reiniciar é preciso,

uma queda não é o fim.


De pé vemos novos caminhos,

que levam à realidade,

longe das expectativas,

sem esperar muito dos planos.


Assim, teremos nova vida,

tudo dentro do razoável,

pois a vida tem seus limites,

a queda foi uma amostra.




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16 de out. de 2025

DOIS LADOS DO MEDO – Pedro Luso de Carvalho

 

Foto Internet


DOIS LADOS DO MEDO

              – Pedro Luso de Carvalho



Está sempre presente o medo,

é a sombra de todos nós,

e estará onde estivermos,

faça chuva ou faça sol.


O medo pode causar dor,

pode ficar tempo na mente.

Embora quieto, presente,

à espera para ação.


A sombra vai aonde nós vamos,

nos nossos abraços, o medo,

nos beijos, também estará,

sombra que não nos deixará.


Queremos distância do medo,

mas aceitamos o bom medo,

ele não dormirá na sombra,

cão de guarda de nossas vidas.




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8 de out. de 2025

ESSA GENTE QUE MENTE – Pedro Luso de Carvalho

 

O Filho do Homem 1964 - René Magritte
Aqui: Das Artes



ESSA GENTE QUE MENTE

            – Pedro Luso de Carvalho



Quem mente é mentiroso,

isso todo mundo sabe,

não se sabe o porquê,

mas vem sendo estudado.


Conheço os mentirosos,

os que mentem por impulso,

em atos inconscientes,

querem ser mais do que são.


É muito fácil mentir,

a mentira vem fluída,

é fogo morro acima,

é água morro abaixo.


Quer ser mais o mentiroso,

só não quer ser o que é,

quer mostrar-se poderoso,

com riqueza e cultura.


O mentir não é só isso,

há os que querem ser outros,

esses mentem e invejam,

dor por serem o que são.




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30 de set. de 2025

PROFUNDA MÁGOA - Pedro Luso de Carvalho

 

Os Retirantes 1944 MASP  - Cândido Portinari


                PROFUNDA MÁGOA   

                       – Pedro Luso de Carvalho



Profunda dor da injustiça,

e a mágoa tão profunda,

ferida aberta no peito,

sofrimento que nunca cessa.


Mágoa pela injustiça,

essa dor profunda na alma,

o fruto de vis sentimentos,

pobres vítimas da inveja.


Essa maldade de alguém,

e sem motivo aparente,

essa dor visível no rosto,

e no enrijecido corpo.


É dívida não inexistente,

culpado pelo que não fez,

nicho de mágoa e dor,

aplacam-se com o perdão.


É profunda a dor da mágoa,

que rouba o calor do sol,

apaga a luz das estrelas,

diante das misérias do mundo.




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18 de set. de 2025

BUENOS AIRES – Pedro Luso de Carvalho

 

Buenos Aires / Argentina



   BUENOS AIRES 

         – Pedro Luso de Carvalho



Névoas do Rio da Prata,

manto prateado de Buenos Aires,

Paris da América do Sul.

Buenos Aires está tão perto,

a fronteira nos separando.


Buenos Aires tem o Obelisco,

na 9 de Júlio com Corrientes,

das avenidas a bússola.

E tem aí o Colón,

majestoso teatro,

berço das nobres artes.

E tem a  Corrientes,

rua sofisticada e viva,

seus restaurantes e cafés,

e suas colossais livrarias,

onde vivem poetas e escritores,

como Borges, Sábato e Cortázar.

Buenos Aires está tão perto,

a fronteira nos separando.


Buenos Aires tem La Boca,

artistas plásticos

e casas coloridas,

e tango, muito tango,

tudo que lembra Gardel,

que ao tango deu voz.

Lembra também Piazzolla,

o criador do Novo Tango,

tango que ganhou o mundo.

Buenos Aires está tão perto,

a fronteira nos separando.




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2 de set. de 2025

DISTRAIDAMENTE – Pedro Luso de Carvalho

 

 Usina do Gazômetro - Foto Alex Rocha - Porto Alegre RS / Brasil


DISTRAIDAMENTE

       - Pedro Luso de Carvalho



Nasci quase por acaso,

sem nenhum planejamento,

e sem quaisquer alardes,

e sem banda de música,

no dia em que cheguei.



Como já estava no mundo,

fiz o que podia ser feito,

e assim, vivendo sem regras,

sem que eu fique agitado,

com as loucuras do mundo,

qual biruta de aeroporto,

comandada pelo vento.



Não sei como nasci assim,

vim sem grande expectativa,

e assim levo a minha vida,

distraidamente, como nasci,

sem nenhum deslumbramento.




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24 de ago. de 2025

LIBERDADE - Pedro Luso de Carvalho

 

Deck of Meteora - Pôr do Sol


LIBERDADE

    – Pedro Luso de Carvalho



A liberdade é o tema,

para o poema de hoje,

com base na filosofia,

que poderá interessar.


Diz Sartre existencialista,

vem primeiro a existência,

e a essência vem depois,

através de suas escolhas.


E diz o filósofo Kant:

o dever nasce da razão.

Autonomia da vontade,

caminho para liberdade.


A liberdade para Nietzche,

não será a livre vontade,

cria-se os próprios valores,

livre de qualquer influência.


Liberdade para Descartes,

lá está no livre-arbítrio,

é o poder de escolher,

verdade fruto da razão.




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17 de ago. de 2025

ALGUÉM VIU O POETA ? – Pedro Luso de Carvalho

 


Homenagem poética inspirada no poema Tabacaria, 

de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa.


ALGUÉM VIU O POETA ?

       – Pedro Luso de Carvalho



O poeta passa na praça,

na praça repleta de gente,

tanta gente a ir e vir,

mal via o gênio passar.


Passava ligeiro na praça,

chapéu, óculos, sobretudo,

como às vezes era visto,

naquelas tardes de inverno.


Mas quem foi esse Poeta,

muitos ali o conheciam,

é o poeta da mansarda,

múltiplos num só poeta.


Defronte da tabacaria,

o poeta via o mundo,

via o comboio passar,

via os cães que existiam.


Muitos poetas em Pessoa,

tais como Álvaro de Campos,

sonhou mais que Napoleão fez,

Fez mais filosofias que Kant.



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10 de ago. de 2025

PORTUGAL ESTÁ TÃO LONGE – Pedro Luso de Carvalho

 

Lisboa / Portugal



PORTUGAL ESTÁ TÃO  LONGE

                    - Pedro Luso de Carvalho



Portugal está tão longe,

do outro lado está,

água a nos separar,

pelo mar feito muralha.


Portugal está tão longe,

ao mesmo tempo tão perto,

esse manto de lembranças,

saudade dos que voltaram.


Portugal está tão longe,

o Atlântico no meio,

Brasil no lado de cá,

Portugal no outro lado.


Portugal está tão longe,

distante dos descendentes,

destes que aqui ficaram,

isso já faz muito tempo.


Portugal está tão longe,

muito longe do Brasil,

deste Brasil brasileiro,

de Portugal o herdeiro.




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2 de ago. de 2025

OS PASSAGEIROS – Pedro Luso de Carvalho

 




 OS PASSAGEIROS

        - Pedro Luso de Carvalho




Iremos no mesmo trem,

na viagem que fará,

num caminho tortuoso,

misterioso caminho.


Iremos juntos no trem,

cada um no seu lugar,

os ricos irão com ricos,

pobres com pobres irão.


Será viagem sem volta,

é viagem só de ida,

uns viajarão agora,

outros em outras viagens.


O trem seguirá seu rumo,

seguirá sempre em frente,

irá perdendo os trilhos,

sem trilhos não voltará.


Ninguém viu o trem voltar,

não viram os passageiros,

que hoje brilham no céu,

nessas noites estreladas.




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27 de jul. de 2025

A CRÍTICA QUE NÃO FIZ – Pedro Luso de Carvalho

 

Manhã nublada em Porto Alegre - Julho de 2025


A CRÍTICA QUE NÃO FIZ

         – Pedro Luso de Carvalho



É manhã fria no sul,

de nuvens e pouco sol,

ausente o céu azul,

e sem a luz do farol.


Pensei num poema crítico,

pensei falar na pobreza,

mas sem falar em político,

já que lhe falta nobreza.


Mas depois fui à janela,

então vi daqui de cima,

esse sol qual luz de vela,

um retrato deste clima.


Na janela esse sol,

manhã fria e nublada,

as nuvens esse lençol,

a manhã quase gelada.


Mas eu esqueci a crítica,

pois não falei da pobreza,

que a queria analítica,

com nuances de singeleza.



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20 de jul. de 2025

PEDIDO DE DESCULPAS – Pedro Luso de Carvalho

 

Aqui - Das Artes


    PEDIDO DE DESCULPAS

                  – Pedro Luso de Carvalho



Sempre cometemos muitos erros,

erros que acabam amizades,

mas dizem que errar é humano,

então podemos pedir desculpas.


Mas não é fácil pedir desculpas,

mesmo com consciência dos erros,

as amizades quase perdidas,

que serão salvas pelas desculpas.


É melhor não negarmos os erros,

deixando o orgulho de lado,

dando seu lugar à humildade,

pano de fundo para desculpas.


Assim amizades serão salvas,

pessoas amigas fazem falta,

nossos erros serão perdoados,

basta o pedido de desculpas.



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11 de jul. de 2025

QUE MUNDO É ESTE? – Pedro Luso de Carvalho

 

Otto Dix - A Miséria da Guerra


QUE  MUNDO  É  ESTE ?

         Pedro Luso de Carvalho



Sabe que mundo é este,

mundo com tanta maldade,

tanto aqui neste lugar,

como no resto do mundo.


Sabe que mundo é este,

este mundo impiedoso,

a crueldade dos homens,

que controlam consciências.


Sabe que mundo é este,

com tanta corrupção,

mundo infeliz de guerras,

sociedade em pedaços.


Sabe que mundo é este,

mães que enterram seus filhos,

mortos por drones ou mísseis,

nessas desumanas guerras.




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